Pai de médica que morreu em acidente de ambulância 8 meses após formada pede justiça: 'Ela estava tão feliz'
04/09/2024
Outras quatro pessoas também morreram na batida, que aconteceu na BR-040, em Santos Dumont, em dezembro do ano passado. Processo permanece na Justiça e dono da empresa Guardiões Resgate foi denunciado pelo MP por homicídio com dolo eventual, por 'assumir o risco de causar mortes'. José Manoel, pai de Daniela Moraes, cobra Justiça após filha morrer em acidente com ambulância na BR-040
TV Integração/Reprodução
“Ela estava tão feliz”. O desabafo é de José Manoel Miranda Reis, pai da médica Daniela Moraes Miranda Reis, uma das cinco vítimas do acidente com ambulância que aconteceu no fim do ano passado na BR-040, em Santos Dumont.
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Pela primeira vez, em entrevista à TV Integração, ele se manifestou sobre a tragédia e disse que a filha, que na época tinha 30 anos, conseguiu o trabalho pela Guardiões Resgate, empresa responsável pelo veículo, em um grupo onde serviços freelancers eram oferecidos.
Daniela Moraes estava no início de carreira e havia se formado há apenas oito meses antes do acidente. “Ela não conhecia a empresa, fez a proposta dela como médica. Sempre aceitava qualquer serviço para salvar vidas, esse era o objetivo dela”, disse.
Daniela Moraes Miranda Reis tinha 30 anos
Arquivo Pessoal
"Ela tinha muito gás, estava sempre disposta a ajudar. Tudo acabou nesse trágico acidente provocado pela empresa".
Ainda à reportagem, José Manoel reforçou que acredita na Justiça. "Minha filha se formou em medicina para salvar vidas, mas veio alguém que fez exatamente o contrário com ela", finalizou.
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Ministério Público diz que dono da empresa assumiu risco
Em abril deste ano, o Ministério Público denunciou o dono da Guardiões Resgate, Luciano Serrinha Craveiro, por homicídio com dolo eventual e afirmou que ele assumiu o risco de causar mortes, com a intenção de aumentar os lucros.
A denúncia difere do indiciamento da Polícia Civil, que finalizou o inquérito apontando homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A investigação também apontou que:
o veículo estava sem licenciamento;
os pneus estavam carecas;
a manutenção do carro era feita em local não apropriado;
o próprio dono atuava como motorista sem poder;
a empresa não tinha responsável técnico;
testemunhas relataram a falta de manutenção dos veículos.
Croqui da cena do acidente com ambulância na BR-040
TV Integração/Reprodução
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a ambulância tinha várias irregularidades, como pneu carecas, multas e falta de licenciamento. Até esta quarta-feira (4), o caso tramitava na Comarca de Santos Dumont.
Luciano Serrinha responde ao processo em liberdade e nunca chegou a ser preso. A reportagem entrou em contato com o advogado da empresa, mas ele preferiu não se posicionar sobre o assunto.
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Na denúncia do Ministério Público, que a TV Integração teve acesso, o órgão destacou o áudio gravado pelo motorista da ambulância no dia do acidente. (Escute acima).
Além disso, a promotoria também cita que o mesmo veículo já havia sido multado por mau estado de conservação. A perícia da Polícia Civil, por sua vez, constatou que essa foi a causa da batida, uma vez que comprometeu a segurança.
Veja abaixo outros pontos destacados pelo MP na denúncia:
Uma testemunha disse que a ambulância já havia apresentado problemas mecânicos, onde a mesma ficou sem freio durante um atendimento e precisou ser guinchada;
A pessoa responsável pela parte mecânica das ambulâncias da empresa também era ajudante de cozinha e limpeza e não tinha uma oficina;
O próprio funcionário teria dito que não tinha o hábito de realizar manutenção preventiva nos veículos;
Já o dono da Guardiões Resgate disse que ele mesmo fazia as inspeções;
A empresa também já foi multa pelo veículo ter sido conduzido por motoristas sem curso especializado para dirigir ambulâncias.
Três mortes na hora e dois óbitos no hospital
Estado que a ambulância ficou depois do acidente na BR-40, em Santos Dumont
Rodrigo Soares/TV Integração
O acidente aconteceu no km 736 da BR-040, em uma curva próximo à lanchonete conhecida como Perobas, em Santos Dumont, no dia 21 de dezembro.
Conforme a PRF, o motorista da ambulância seguia no sentido Rio de Janeiro, quando teria perdido o controle da direção e entrado na pista contrária. O veículo bateu na carreta, com placa de Conselheiro Lafaiete, que estava descarregada. Chovia no momento.
A ambulância fazia o transporte de Maiara de Freitas Cunha, grávida de 32 semanas, que voltava de uma consulta em Belo Horizonte. Ela e o marido, Marcelo Conceição do Santos, chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital de Santos Dumont, mas não resistiram aos ferimentos.
Leonardo Luiz Neves da Silva, motorista do veículo, a enfermeira Alessandra Chagas Motta e a médica Daniela Moraes Miranda Reis, morreram na hora.
Pai de médica que morreu em acidente fala pela primeira vez
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