Morre César Lourenço, guardião do Apito do Meio-Dia em Juiz de Fora
04/09/2025
(Foto: Reprodução) Guardião do apito do meio-dia de Juiz de Fora morre aos 77 anos
Aos 77 anos, César Lourenço Raso, chaveiro tradicional do Centro de Juiz de Fora e responsável por manter viva, por mais de uma década, a tradição do “Apito do Meio-Dia” no Calçadão da Rua Halfeld, morreu na noite de quarta-feira (3). Ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia, com pneumonia e complicações cardíacas.
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Figura querida e amplamente conhecida pelos juiz-foranos, César era muito mais do que o homem que, religiosamente, acionava a sirene às 11h59min30s.
“É uma tradição de Juiz de Fora. Todo dia, meio-dia, tem que tocar. Então vou lá e toco de segunda a sábado. No dia 31 de dezembro, a gente deixa tocando por uns dois minutos para manter a tradição. Enquanto eu viver, farei isso todos os dias”, disse ele em entrevista concedida em 2024 à TV Integração.
Casado há 52 anos com Juliana Cezario, com quem construiu uma família, César deixa três filhos — Daniella, Leandro e Leonardo — e quatro netos: Lorenzo, Pedro, Sofia e Miguel. Ele era descrito, por quem o conhecia, como um amigo de todas as horas, companheiro leal, honesto, carismático, amado por todos e sempre bem-humorado.
À frente da loja Chavelândia, instalada na Galeria Pio X há mais de 50 anos, César acompanhou as transformações do comércio e da cidade com dedicação exemplar. Foi também um dos dirigentes da Escola de Samba Partido Alto, e levou o amor pela cultura popular para o carnaval.
Há 53 anos, César trabalhava como chaveiro na Galeria Pio X em Juiz de Fora
Reprodução/TV Integração
A campainha do meio-dia, como ele preferia chamar a sirene, faz parte do patrimônio imaterial de Juiz de Fora desde 2004. Criada em 1927 pela joalheria Meridiano, a tradição foi confiada a César há cerca de 10 anos, quando a loja original deixou a galeria.
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Desde então, o chaveiro assumiu com zelo a missão de manter viva uma memória sonora que atravessa gerações e carrega marcos históricos, como o fim da Segunda Guerra Mundial e as conquistas da Seleção Brasileira.
O velório acontece no Cemitério Parque da Saudade desde as 7h, e o sepultamento ocorre a partir das 14h30, no Cemitério Municipal.
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