Beth Goulart celebra 50 anos de carreira com peça sobre Clarice Lispector em Juiz de Fora: 'Marcou virada de página na minha vida'
31/10/2025
(Foto: Reprodução) Beth Goulart apresenta o monólogo 'Simplesmente eu, Clarice Lispector', em Juiz de Fora
Fabian/Divulgação
🎭 Beth Goulart, com o espetáculo 'Simplesmente eu, Clarice Lispector', se apresenta no palco do Cine-Theatro Central de Juiz de Fora neste sábado (1º). A peça faz parte das comemorações aos 50 anos de carreira da atriz.
Desde a estreia, em 2009, o espetáculo já percorreu 289 cidades brasileiras, conquistou prêmios e emocionou plateias com o mergulho no universo poético e intenso de Clarice. Idealizada, adaptada e protagonizada por Beth, a peça revela uma escritora humana e complexa, entre o mistério e a lucidez.
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Em entrevista ao g1, Beth falou sobre o processo de criação, a relação pessoal com Clarice e o significado desse retorno.
“Esse trabalho é icônico porque marca uma virada de página na minha vida. Ele me projetou não só como atriz, mas também como criadora, pelo fato de eu ter feito a adaptação da peça e a dramaturgia”.
Beth Goulart celebra 50 anos de carreira com peça sobre Clarice Lispector em Juiz de Fora
Beth também dirige o espetáculo e assina as escolhas estéticas da montagem. Para ela, todos esses elementos a revelam como artista e ser humano.
“Todo grande artista faz de alguma forma essa ponte entre a vida comum e a arte. Esse olhar especial sobre a vida é o que nos conecta com as pessoas”.
Beth Goulart apresenta o monólogo 'Simplesmente eu, Clarice Lispector', em Juiz de Fora
Fabian/Divulgação
Relação entre Beth e Clarice
A ligação entre Beth Goulart e Clarice Lispector nasceu ainda na adolescência, quando as palavras da escritora começaram a moldar sua visão de mundo.
“É uma artista que me influenciou bastante e me transformou como ser humano. A leitura é uma forma maravilhosa de conhecer o mundo através do olhar de grandes personalidades”.
Para ela, representar Clarice é também uma forma de se revelar ao público. “Estar nos palcos com Clarice mostra não só quem eu sou como artista, mas também o meu olhar sobre o mundo, através da arte teatral”.
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Após quase 10 anos, o espetáculo retorna aos palcos, e com isso, recebe uma nova geração de admiradores de Clarice e do teatro.
“Há uma alegria nova. Tenho encontrado uma geração que está descobrindo Clarice e, junto com ela, a força do teatro. Saber que a obra transcende o tempo e chega a novos públicos é uma grande alegria. Sinto que cumpri minha missão de incentivar a leitura e levar Clarice a novos públicos".
A mulher por trás da escritora
O desejo de Beth era apresentar ao público um pouco da mulher Clarice, conhecida por ser reservada, enigmática e complexa.
“Quis mostrar o ser humano Clarice. Através do espetáculo, as pessoas entram em contato com seu pensamento, processo criativo e sua visão da vida, independentemente da obra.”
Beth Goulart apresenta o monologo 'Simplesmente eu, Clarice Lispector' em Juiz de Fora
Fabian/Divulgação
A dramaturgia intercala diálogos entre Clarice e o público, com situações que vão de entrevistas a conversas com amigos. “Ela fala da escrita, da vida, da morte, da transcendência. Ao me transformar em Clarice e nas personagens, vivo o mesmo processo que ela descreve: o de ser outra e, ao mesmo tempo, continuar sendo eu.”
Teatro como experiência sensorial
Beth define o espetáculo também como uma experiência sinestésica. “Tem um momento que chove, e eu proponho que o público sinta o cheiro da chuva. Quando você se abre para os sentimentos e sensações, entra em contato com sua essência", explicou.
Segundo ela, todos os elementos - música, luz, figurino e cenário - são parte da narrativa.
“A música é quase um personagem. A luz delimita o espaço cênico, como se fosse uma folha em branco a ser desenhada”.
O teatro como arte da humanidade
Beth diz que o teatro, considerado a “arte-mãe”, reúne em si todas as outras manifestações artísticas. “Todas as artes dialogam com o teatro. Ele é o templo sagrado da liberdade, essa interação de seres humanos que nos conecta e nos transforma.”
Filha dos atores Nicette Bruno e Paulo Goulart, Beth cresceu entre bastidores e cortinas.
“Aprendi a amar esse ofício vendo a forma como eles respeitavam a arte teatral.”
Processo de pesquisa por 2 anos
O processo de criação foi intenso. Entre livros, teses, entrevistas e cartas, Beth mergulhou por dois anos no universo da escritora.
“Li tudo o que podia: biografias, teses, entrevistas, cartas. Quis captar sua energia, sua maneira de falar e pensar. Foram dois anos de pesquisa, seis meses de preparação, dois meses de ensaio e uma vida inteira dedicada à Clarice".
Segundo ela, o teatro é uma arte viva, que celebra o tempo presente. "O teatro é uma arte viva. Essa é a coisa mais importante: estar viva no aqui no agora naquele momento, porque ele jamais se repetirá. Você está sempre diferente, o público é outro a cada noite".
📍 Serviço
Espetáculo: Simplesmente eu, Clarice Lispector
Data: Sábado (1º), às 20h
Local: Cine-Theatro Central na Praça João Pessoa, S/N - Centro
Ingressos: On-line
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